Quando nasce uma mãe e um pai, também nasce a responsabilidade em educar uma criança com valores e princípios, capaz de lidar com as diferenças e respeitar o próximo.
A família é o exemplo que a criança vai levar para a vida. É dentro de casa que ela aprende o que é o amor, o que é certo e errado, e a importância que ela tem no mundo.
Sabemos que com a correria do dia a dia e a carga pesada do trabalho, muitas vezes deixamos a desejar como pais, transferindo sentimentos negativos para a criança. Quando isso acontece, é normal refletir no comportamento da criança ou do adolescente na escola, ocasionando atos que podem impactar negativamente a vida do colega.
Por isso é importante que os pais estejam sempre presentes na vida escolar da criança e prontos para agir se necessário. Os pais são responsáveis pela consequência das atitudes dos filhos, e em alguns casos, podem até responder legalmente.
Para entendermos melhor o papel dos pais na responsabilidade civil da criança, conversamos com a Dra. Claudia Camargo, mãe, advogada, facilitadora de círculos restaurativos em ambientes escolares e também presidente da Comissão OAB Campinas Vai à Escola. Ela explica que a lei traz imposições de que os pais são responsáveis pelos atos dos filhos, se ele causar um dano a terceiro, o pai dessa criança responderá pelo ressarcimento. Então, é extremamente importante ter a consciência de criar uma criança com responsabilidade para o mundo social.
Quando falamos em danos a terceiros estamos falando também, do bem estar do amigo, do colega e até mesmo do professor. Infelizmente uma das práticas mais comuns nas escolas hoje, é o bullying e o cyberbullying, no qual os adolescentes usam da internet para atacar um colega ou até mesmo um professor. A falta de empatia ocasiona esse ato insensível, que prejudica não somente a imagem do colega, mas também, causa sérios danos psicológicos, levando algumas vítimas ao desejo ou até mesmo a tentativa de suicídio.
Muitos pais reprimem seus filhos quando tomam ciência desse ato, mas poucos tem a consciência de que também são responsáveis por isso. “A principal causa dessas atitudes é a falta da empatia que a gente deve aprender em casa, e ai entra a responsabilidade do pai mais uma vez, em educar a criança para lidar com as diferenças e respeitar o outro como ele é. Todos somos diferentes, mas ao mesmo tempo somos iguais, e a diferença faz parte da sociedade. O pai tem a responsabilidade social sobre essa ação. Hoje, existem vários julgamentos onde os pais são condenados a reparação civil e ao dano moral, porque a criança não trabalha, não tem patrimônio e não tem como pagar. Outro caso importante é que hoje, os pais também estão pagando os custos do tratamento psicológico por conta do dano causado ao outro” afirma Dra. Claudia Camargo.
A maioria desses atos vem do próprio celular da criança, em que usa as redes sociais como ferramenta de ataque ao colega. Muitos acham engraçado expor algo que aconteceu com o colega, ou até mesmo levantar uma calúnia, em casos mais graves conteúdos pornográficos, a questão é que, além de prejudicar a imagem da criança, nunca se sabe como ela pode reagir, o quanto isso pode afetar o seu psicológico. Por isso, é de extrema importância que os pais também estejam presentes na vida virtual das crianças e acompanhem as ações na internet. “Existem vários crimes que podem ser cometidos na internet pelo simples ato de postar, compartilhar, curtir ou até mesmo comentar em um post de rede social. São muitas vezes atos preconceituosos, que causam danos irreparáveis” completa Dra. Claudia.
Estamos falando aqui de educar o filho para que seja um cidadão de bem, mas vale lembrar que o filho também corre o risco de ser vítima de uma dessas situações. É importante estar atento sempre aos sinais que a criança apresenta involuntariamente e estar presente nas atividades, acompanhando o desempenho escolar. Quando a criança está abalada psicologicamente e se sente coagida, ela muda o seu comportamento, e os sentimentos de vergonha e medo tomam conta do seu pensamento. Nesse momento ela precisa de amor e compreensão dos pais. É preciso elevar a autoestima do filho, dar valor, e demonstrar o quanto ele é capaz de ser uma boa pessoa e de fazer algo melhor pelo mundo.
É importante educar com amor, ensinar a importância e a beleza em ser diferente. Não somente pensando na responsabilidade civil enquanto pais, mas sim, na alegria em criar um filho que pode fazer a diferença na sociedade, que é capaz de amar o outro como ele é, e ainda ajudar o coleguinha a também valorizar as diferenças.
“Eu gosto muito de falar nas minhas palestras uma frase do Aristóteles “Educar a mente sem educar o coração não é educação.” Porque a gente tem que educar a mente, mas também educar o coração com a empatia, com o respeito e com o amor, mostrando que é possível a gente conviver com a diferença e também ser parceiro, o pai ser parceiro da escola, a escola ser parceiro da família, isso é muito importante” conclui Dra. Claudia.
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